“Ter diploma já não é diferencial competitivo”
MÍRIAN PINHEIRO
“Atualmente, não basta ser somente qualifi cado, é preciso ser competente”. De acordo com o diretor do Instituto de Neurolinguística Empresarial (Inemp), Marco Túlio Costa, isso significa, em outras palavras, que ter um diploma já não é um diferencial no competitivo mercado de trabalho. “Para se destacar é preciso buscar mais do que a qualificação. O profissional precisa ser competente, no sentido de alinhar o conhecimento adquirido à habilidade de aplicá-lo de forma produtiva”, explica. Dentro da perspectiva da Programação Neurolinguística (PNL), ciência que estuda como as experiências subjetivas afetam o comportamento e aprendizagem das pessoas, o que faz a diferença no mercado hoje é o profissional com a constante reciclagem dos conhecimentos e com atitude. Daí a necessidade de se perceber a diferença entre qualificação, que oferece base ao profissional para que ele se forme, esteja apto ao trabalho, e capacitação, que fomenta seu crescimento. “Só a capacitação fomenta o crescimento contínuo. Feita a distinção, PNL, coaching, liderança, negociação e comunicação são habilidades requeridas para um profissional de sucesso”, pontua Costa.
Contrário à ideia de que as empresas são corresponsáveis pelo desenvolvimento da competência de um profissional, Costa defende que somente o profissional é responsável pela carreira dele. “Muitos colocam na mão da empresa esta responsabilidade, o que é um erro”, avalia, admitindo, no entanto, que as organizações também têm dificuldade de realizar uma seleção incluindo o critério competência.
Competência – Sobre como a empresa pode fazer a diferenciação do candidato competente do qualificado, Costa diz que, muitas vezes, é difícil para a organização contratar levando em conta o aspecto, em razão de ela ter mais acesso ao currículo do profissional. “Alguns testes comportamentais podem nos ajudar a avaliar a competência daquele possível funcionário. Mesmo assim,o resultado não é de todo garantido. Por isso, defendo o seguinte: seja mais lento para contratar e rápido para demitir, se for necessário”,alerta. Para ele, a entrega de resultados pode diferenciar o competente do somente qualificado, mas isso é medido somente após a contratação.
No entanto, a empresa não só pode como deve investir em treinamento, capacitação e coaching para seus colaboradores. “Tudo isso auxilia muito, lembrando, como já dissemos, que a principal responsabilidade é da própria pessoa de investir no desenvolvimento de suas competências. Empresa não é mãe e nem pai de ninguém”, resume taxativo – embora pense que investir nos competentes e fazer de tudo para segurar esses talentos também seja bom para a organização.
“Nada mais desigual do que tratarmos pessoas desiguais de maneira igual. Invista mais naquele que quer se desenvolver e tem atitude”, ressalta. Para Costa, as empresas hoje querem profissionais que saibam trabalhar em equipe, se comunicar, influenciar pessoas e tenham atitude de comprometimento e engajamento com o trabalho. “Nos dias atuais conciliar conhecimento, habilidade e atitude é o que determina a competência de um profissional”, diz.
Conhecimento pessoal – Mestre em administração, trainer em Programação Neurolinguística (PNL), master coach e especialista em Negociação pela Universidade de Harvard (EUA), Costa acredita que a PNL é uma grande aliada dos profissionais que querem conhecer a si mesmo, para potencializar seus talentos e até mesmo reprogramar o seu comportamento.
“O ideal é que os profissionais que queiram sair na frente, além de se capacitarem, tracem planos de curto, médio e longo prazo, e adotem um processo de coaching para expandir a consciência e saber o que fazer, como e onde atuar”,recomenda. Para além de conhecer-se, na visão dele, o profissional que constantemente busca a atualização é bem-visto pela empresa onde trabalha e até mesmo pelas que estão de olho em quem se destaca. “O mundo girou rápido nestas últimas décadas e trouxe um novo sinônimo para competente, que agora significa conhecer mais o ser humano, saber lidar com conflitos e como se relacionar com diversos perfis de pessoas”, esclarece Costa.
Para ele, as empresas precisam contratar, mas muitas vezes não o fazem porque os profissionais não têm preparo para ocupar os postos vagos dentro das organizações, principalmente daquelas que já definiram um modelo mais moderno de gestão, que busca relacionar a competência das pessoas com a estratégia organizacional. “Certo que falta emprego, mas também falta gente competente”, enfatiza.